Objetivos diferentes
Pelo segundo ano seguido, Sony e Microsoft fizeram conferências bem importantes – e cada uma a sua maneira. E essa diferença de visão, e de momento, entre as duas principais competidoras do mercado de games ficou ainda mais evidente na E3 2016
A Microsoft ainda está atrás na corrida dos consoles graças ao anúncio desastroso lá de 2013, quando o Xbox One foi mostrado pela primeira vez não como um aparelho para games, mas uma central multimídia. E como a Sony já confirmou que trabalha em um PlayStation 4 mais poderoso antes mesmo da E3, não restou outra alternativa a não ser meter o pé na porta e revelar não um, mas dois novos consoles.
Com o Xbox One S e o Project Scorpio, a Microsoft tenta mais uma vez injetar ânimo e mostrar que seu principal compromisso são os games. A promessa do Scorpio ser o console mais poderoso já existente é animadora, e joga a peteca para cima da Sony.
A companhia japonesa, porém, está tranquila e favorável no primeiro lugar desde que lançou o PS4. Por isso, ela se pode se dar ao luxo de evitar o tradicional discurso corporativo que ninguém quer ouvir, mostrando uma sequência brutal de ótimos games exclusivos.
A coletiva da Sony teve "Death Stranding", novo game de Hideo Kojima, criador de "Metal Gear Solid"; o próximo "God of War", que muda completamente a série de ação; e "Resident Evil 7", que aproveita o bom momento dos jogos de horror para dar nova cara à série da Capcom.
A realidade virtual é bem real
Com os dois principais óculos de realidade virtual já no mercado, e o lançamento do primeiro equipamento para videogames agendado para outubro, a E3 2016 estava cheia de games do tipo. E eles não eram só demonstrações obscuras da tecnologia. A feira mostrou que franquias consagradas também estão se testando na área.
A principal delas com certeza é "Resident Evil". A Capcom anunciou que o sétimo capítulo do seu jogo de terror será em 1ª pessoa, uma guinada drástica na fórmula da série, e que a versão para PlayStation 4 contará com suporte ao aos óculos de realidade virtual PlayStation VR.
E não é só. "Batman: Arkham", "Star Wars Battlefront" e "Final Fantasy XV" são outros exemplos de games que estão trabalhando em experiências que usam a realidade virtual.
Se a moda vai pegar, ainda não sabemos. A aceitação do PlayStation VR, acessório com um custo inferior aos de computadores, será um bom termômetro. Mas a E3 2016 provou que as empresas estão apostando forte na nova tecnologia.
A força da Nintendo
Quando a Nintendo anunciou que só levaria um único game para a E3 2016, sobrancelhas se ergueram. É agora que a empresa japonesa deixa de vez a feira. Ledo engano. Pois a estrela do show foi ninguém menos que "The Legend of Zelda: Breath of the Wild", novo jogo da série e o primeiro a acontecer em um mundo aberto.
Apesar de ter dezenas de estações rodando o game, que ocupavam totalmente o estande da Nintendo, a fila para jogar o novo "Zelda" era de longe a mais disputada dentro da E3 2016. Quem não queria correr o risco de ficar de fora precisou chegar cedo à feira.
Essa é mais uma prova da força da Nintendo com o público, apesar da impopularidade e do fracasso de vendas chamado Wii U. Tomara que a chegada em 2017 do novo console NX, e o reposicionamento da Nintendo como uma produtora que também faz jogos para celulares, estimule a Big N a continuar participando da E3. Apelo é o que não falta.
São tantas emoções
A E3 2016 também mostrou mais uma vez como a indústria de videogames é um mercado que lida diretamente com a emoção do público e capitaliza sobre ela. Dois dos três principais jogos da Sony em 2015, responsáveis por levar jogadores ao delírio e declarar que a japonesa havia "vencido" a E3, não foram sequer citados neste ano.
Vai, "Shenmue III" e o remake de "Final Fantasy VII" podem até ser cancelados que isso não vai manchar a boa publicidade obtida pela Sony com os anúncios na E3 2015.
O fã de videogames não faz projeções à longo prazo e se motiva bastante pelo agora. Uma cena computadorizada daquele jogo que sempre quis jogar, o logotipo da minha série favorita surgindo na tela para anunciar uma nova sequência. Se vai lançar mesmo? Tanto faz. Se isso impacta a forma como me sinto em relação a marca? Pouco provável.
A Microsoft também sofreu com isso. "Crackdown 3", anunciado há 2 anos, não apareceu, e o game designer David Jones precisou se justificar na internet sobre o sumiço do seu jogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário